Surreal, exótica e transformadora
Diferente de tudo o que você já viu ou sentiu, a Índia é
uma terra de impressionantes contrastes. Luxo e caos
convivem lado a lado em perfeita harmonia. O trânsito
maluco com vacas deitadas no meio das ruas e rodovias
chega a ser engraçado. A gastronomia rica em especiarias
e extremamente apimentada aguça os sentidos. E os
deuses e semideuses chamam a atenção para os limites
da fé. Se estiver preparado, chegou a hora de descobrir os
encantos e mistérios desse país enigmático e encantador.
Dias antes do embarque, durante jantar em
um restaurante indiano na capital paulista
para ir se adaptando à exótica culinária indiana,
ouvi dos proprietários da operadora Raidho
Viagens – Roberto e Lucila Nedelciu, especializados
no destino – que, diferentemente de outros lugares,
uma viagem à Índia acontece somente quando
você está preparado para fazê-la. Segundo eles, a
“Índia te chama”. Fiquei pensando nisso e acabei
acreditando que só pode ser verdade. Afinal de
contas, como jornalista de turismo já fiz muitas
viagens e há muito tempo sabia que um dia iria visitar
esse incrível país de 1,2 bilhão de habitantes,
dezenas de idiomas e diferentes religiões. Porém,
nunca me preocupei em organizar a viagem que
acabou acontecendo naturalmente.
Quando eu disse a amigos e familiares que iria
para a Índia, fiquei surpreso com as reações. Pessoas
dos mais diferentes perfis me disseram que
sonham com uma viagem ao país. Durante a viagem
os comentários às fotos que postei nas mídias
sociais seguiram essa mesma tendência. E depois,
no meu retorno ao Brasil, entendi que quem viaja
para lá está em busca de algo. Espiritual talvez. De
fato, a terra de Gandhi inspira, instiga e modifica
conceitos. Duvido que alguém possa ficar indiferente
a essa experiência.
Por todas as partes o misticismo está no ar. A
cultura milenar indiana está umbilicalmente ligada
às religiões orientais e aos deuses e semideuses
– cerca de 330 milhões. Prepare-se para conviver
com o forte cheiro de incenso, conviver com os
animais sagrados e as muitas imagens de divindades
estranhas para nós ocidentais. Caso dos três
deuses principais: Brahma, criador do universo;
Vishnu, da preservação dos seres; e Shiva, da destruição
e regeneração dos corpos celestes. Mas é
a imagem do Ganesh (filho de Shiva) que está por
toda parte como forma de proteção. Para quem
não associou o nome a imagem, é aquele com cabeça
de elefante e corpo de menino.
A história indiana foi moldada pela influência dos
povos que comandaram o país ao longo dos tempos.
Desde os arianos há milhares de anos até os
ingleses. A independência foi conquistada em 1948
e, nesses quase 70 anos, uma nação forte e diferente
ganhou espaço mundial. Com características étnicas,
culturais e religiosas presentes em todas as partes,
esse exótico destino convida para uma viagem
que, certamente, mudará seu jeito de ver a vida.
Em pouco tempo você irá perceber que na Índia,
trabalho e riqueza não configuram a posição social
das pessoas. O motivo é o sistema de castas que,
embora tenha sido abolido oficialmente em 1950,
continua existindo na prática e são passadas de pai
para filho, Nela, cada integrante só pode se casar
com pessoas do seu próprio grupo, o que torna
praticamente impossível a mudança do padrão social.
Segundo o hinduísmo, a migração para uma
outra casta pode acontecer apenas em uma reencarnação
e de acordo com a evolução espiritual.
Para conhecer as várias regiões do país com suas
diferentes culturas seriam necessários meses ou
anos. No meu roteiro de apenas 11 dias foram
priorizados cinco importantes destinos na região
norte: Nova Délhi, Udaipur, Jodhpur, Jaipur e Agra.
Claro que há muito mais para ver, curtir e sentir,
mas que ficará para uma outra oportunidade.
NOVA DÉLHI – CONTRASTES
IMPENSÁVEIS E CHOCANTES
Quando desembarquei em Nova Délhi, tive certeza
que a Índia tinha me chamado e eu estava
preparado para curtir aquela terra de contrastes,
encantos e mistérios. Também ficou claro que, definitivamente,
não é uma viagem para qualquer um.
Como não podia ser diferente, o que primeiro
me chamou a atenção foi o trânsito maluco onde
motocicletas em quantidade absurda trafegam
por todas os caminhos possíveis e imagináveis. E
quase sempre transportando enormes volumes
e mais pessoas do que o limite normal de duas.
Acredite, vi várias com três e até famílias inteiras –
homem, mulher e três crianças! Além das motos,
embaralham-se pelas ruas, bicicletas, riquixás, tuctucs,
carros, táxis, ônibus e caminhões. Não raro,
até grandes grupos de homens transportando nos
ombros um cadáver a caminho da cremação também
ajudam a piorar o já caótico trânsito. Poluição
e uma sinfonia de buzinas completam o cenário.
Utilizar os tuc-tucs (motos com duas rotas atrás
e banco para duas ou mais pessoas) e riquixás (bicicletas
adaptadas) pode ser bem engraçado e até
emocionante. E são baratíssimos. Um trajeto de 20
minutos custa em torno de US$ 2. Mas procure
sempre acertar o preço antes da corrida. Depois,
basta mostrar o endereço do hotel ou do local que
quer visitar ao condutor. Eles circulam entre os carros
e não raro batem e raspam nos veículos parados
nos congestionamentos.
Pensei que veria muitos acidentes, mas não vi nenhum
durante o período em que estive por lá. Claro
que discussões acaloradas acontecem, mas não
passam disso. Ouvi de um guia, em tom de brincadeira
claro, que as vacas são sagradas na Índia
porque são elas que controlam o trânsito e evitam
acidentes. Tem lógica, afinal elas funcionam com
redutores de velocidade ao transitarem calmamente
e até deitarem no meio das ruas e rodovias.
A capital política da Índia apresenta contrastes impensáveis e até chocantes.
Luxo e pobreza se misturam.
Miseráveis e milionários dividem o mesmo
espaço de forma democrática e tranquila. Prédios
modernos e shoppings centers estão lado a lado
com antigas fortalezas e bazares medievais. Homens
de turbantes e longas barbas e mulheres cobertas
dos pés à cabeça pelos tradicionais e coloridos saris
convivem com executivos de multinacionais com
seus ternos bem cortados e jovens ostentando telefones
celulares de última geração. No primeiro dia
por lá vi algo que jamais poderia imaginar: dentistas
instalados nas calçadas – sim é isso mesmo – atendem
seus clientes na maior naturalidade.
Segunda maior e mais importante cidade da Índia,
atrás apenas de Mumbai, Nova Délhi é o reflexo
dos impérios e dinastias que por ela passaram.
Vestígios de um passado impressionante com
ruínas monumentais, palácios, templos, mesquitas
e fortalezas estão por todas as partes. Por outro
lado, o visual contemporâneo da cidade apresenta
grandes avenidas e bulevares cercados por árvores,
parques, edifícios de estilo colonial, imponentes
prédios governamentais, o Parlamento e o Palácio
Presidencial Rashatrapati Bhawan, entre outros.
Os preços baixos praticados nos muitos mercados
da cidade certamente farão a alegria dos turistas
brasileiros. Um dos maiores é o Sarojini Nagar,
que lembra muito uma feira. Há de tudo, de joias
a estátuas dos deuses indianos. Na Velha Délhi,
antiga capital da Índia Muçulmana e hoje apenas
um bairro antigo da capital, está o Main Bazaar,
um corredor comercial popular que lembra muito
a paulistana Rua 25 de Março. Outra opção é o
Basant Lok Market, no bairro Vasant Vihar. A ordem
é pechinchar sempre e muito. Ao perguntar o
preço de um produto os vendedores pedem valores
muitas vezes superior ao real. Portanto, não se
acanhe e ofereça o que acha que vale. Muitas vezes
após insistirem veementemente que é impossível
vender pelo valor sugerido, eles correm atrás de
você e aceitam a quantia oferecida. Sinal de que
ainda estão lucrando.
A Torre da Vitória - Qutab Minar tem cinco andares e é Patrimônio Mundial da
Unesco
O roteiro de visitas em Nova Délhi deve incluir as
seguintes atrações turísticas:
TEMPLO AKSHARDHAM – Localizado às
margens do Rio Yamuna, recebe, diariamente, milhares
de visitantes locais e turistas. Inaugurado em
2005, é o maior complexo de templos hindu da
cidade. Também conhecido como Swaminarayan,
reúne em um só lugar a tradicional cultura, espiritualidade,
patrimônio e magnífica arquitetura antiga
da Índia. Construído em arenito rosa e mármores
branco e carrara, possui 141 metros de altura e 234
pilares, além de 20 mil esculturas e estátuas de divindades.
O principal monumento é Vastu Shastra.
FORTE VERMELHO – Considerado um Patrimônio
da Humanidade pela Unesco, sua arquitetura
tem diferentes influências e no seu interior estão
museus que mostram e preservam a história da Índia.
É o principal marco do domínio mongol no país.
CHANDNI CHOWK – Construído no século
17 por Shah Jahan e projetado por sua filha Jahan
Ara, é um dos mercados mais antigos e movimentados
do destino. Está na rua principal da cidade
murada – criada em 1650 – da Velha Délhi e foi
originalmente chamado Shahjahanabad.
QUTAB MINAR – Construída em 1193, a Torre
da Vitória tem cinco andares distintos. Os três primeiros
são de arenito vermelho, enquanto os dois
últimos são de mármore e arenito. Ao pé da torre
está a Mesquita Quwwat-ul-Islam, a primeira construída
no país.
PORTA DA ÍNDIA – O enorme monumento
de 42 metros de altura, que lembra o Arco do
Triunfo, reina soberano no centro da cidade. Foi
erguido para homenagear os soldados indianos
que morreram lutando pelo exército britânico durante
a Primeira Guerra Mundial. Nas noites de verão
o gramado que a circunda fica cheio de gente.
MAUSOLÉU HUMAYUN’S – Primeira grande
construção concebida para receber cinzas na Índia. É
uma importante obra arquitetônica mongol, construído
em 1562, pela viúva do imperador Humayun.
TEMPLO DE LOTUS – Monumento localizado
no centro de Nova Délhi, é chamado de Casa
de Devoção pelos adeptos da religião Bahai – independente
e com suas próprias leis e escrituras
sagradas, que não possui dogmas, rituais, clero ou
sacerdócio.
TEMPLO CHHATARPUR – Em meio a uma
grande área gramada e decorada por esculturas de
pedra e madeira, o grandioso complexo é dividido
em três partes. O templo principal é dedicado a
deusa Durga, o segundo à deusa Laxmi & Ganesha
Senhor e o terceiro a São Baba Nagpal – o fundador
do templo. Reúne muitos devotos durante os
meses de setembro e outubro, quando acontece o
Festival Dushehra.
TEMPLO DE JAGANNATH – Situado no
meio do residencial Gayatri Nagar, o templo criado
em 1860 atrai diariamente centenas de devotos.
Recentemente ganhou um templo muito maior
construído sobre a menor estrutura original.
JAMA MASJID – Maior mesquita muçulmana
da Índia, foi construída no século 17 pelo imperador
Shah Jahan. Seu grande pátio recebe até 25
mil fieis em épocas de festivais. Os sapatos devem
ser deixados à entrada e do alto do seu mirante de
40 metros de altura é possível ter uma vista privilegiada
da Nova Délhi.
JANTAR MANTAR – Começou a ser construído
em 1724, a mando do imperador Mughal Shah
Muhammad. Tinha o objetivo de rever o calendário
e tabelas astronômicas, além de prever os movimentos
do Sol, da Lua e dos planetas.
PILAR DE FERRO – Integra o complexo de
Qutb e é a única relíquia do antigo templo Hindu.
Com aproximadamente 7 metros de altura, inexplicavelmente
se mantém sem ferrugens.
Depois de passar alguns dias em Nova Délhi você
certamente já estará bem preparado para descobrir
outros mistérios da Índia. A melhor maneira
para vencer as longas distâncias é via aérea. Se tiver
tempo e estiver a fim de economizar, os trens
são opções interessantes. Herança do período colonial
britânico, o país possui uma ampla malha
ferroviária. Os bilhetes são baratos e os serviços
são bem pontuais, além de ser a melhor forma de
conhecer as paisagens do destino.
Já as estradas indianas podem ser consideradas
uma verdadeira aventura. Motoristas imprudentes
realizam manobras arriscadas e sempre buzinando
muito dividem o asfalto com motos, carros em péssimo
estado de conservação, ônibus lotados, caminhões
e tratores lentos e supercarregados e até dromedários,
elefantes e rebanhos de cabras e ovelhas.
Pedestres cruzam as rodovias sem nenhum cuidado.
UDAIPUR – LAGOS SAGRADOS E OCTOPUSSY
O voo da Air India durou apenas uma hora até
Udaipur, no Sul do Rajastão. Conhecida como a
“Cidade dos Lagos” é tida como a mais romântica
da Índia. Bem diferente das demais, desenvolveuse
ao redor de dois grandes lagos – Pichola e Fateh
Sagar -, que embora artificiais são considerados
sagrados pelos indianos.
O principal deles é o Pichola e vale à pena fazer
um passeio de barco para conhecer o Palácio Jagmandir,
que fica bem no meio das suas águas. Em
uma outra ilha está o hotel Faj Lake Palace que foi
utilizado para gravações de cenas do filme “007
contra Octopussy”, de 1983. Como sempre, o espião
mais famoso do cinema, James Bond (interpretado
por Roger Moore à época) fez peripécias
pelas ruas e palácios de Udaipur.
Apesar de caótica como tantas outras no país,
com macacos e vacas perambulando pelas ruas, ela
tem um charme peculiar e pontos turísticos interessantes.
O principal deles é o Palácio da Cidade
(Palácio dos Marajás), construído no século 16 às
margens do Pichola, parte dele é ocupada por um
museu e outra como residência da família real. Trata-
se de um complexo composto por 11 diferentes
construções. Suas fachadas são adornadas com arcos,
terraços e cúpulas. As maiores têm impressionantes
30 metros de altura. O museu guarda obras
de arte e exposições de espadas e armaduras.
Há, também, o Manak Mahal (Palácio dos Rubis)
de cor salmão e com uma coleção de imagens
de porcelana; o Moti Mahal (Palácio das Pérolas);
o Sheesh Mahal (Palácio dos Espelhos) e o Rang
Bhawan com seus delicados mosaicos de pavão e
templos para o famoso deus Krishna.
O roteiro de atrações passa também pelo Sahelion
ki Bari, um jardim ornamental feito especialmente
para as senhoras do palácio no século 18. Bem
como pelo Templo Jagdish. Edificado em 1651 - em
mármore e sem cimento - é repleto de ouro e considerado
por muitos o mais exuberante do destino.
Nesse templo hindu não são permitidas fotos em
seu interior. Na parte externa, todas as paredes são
formadas por impressionantes esculturas.
No centro da cidade estão muitas lojinhas que
comercializam pashminas e diversos tipos de souvenires.
Aproveite para um passeio de tuc-tuc para
conhecer a região.
Saindo de Udaipur a caminho de Jodhpur, vale
uma parada em Ranakpur, uma cidade famosa por
seus templos jainistas – uma das religiões mais antigas
da Índia. No complexo de templos dos séculos
14 e 15 o principal deles é o Chaturmukha Jain
(Templo dos Pilares). Construído todo em mármore
branco, tem 1.444 pilares, além de 29 halls e 80
cúpulas. Mediante gorjetas, claro, os monges jainistas
se oferecem para dar bênçãos nos visitantes.
Sapatos, cintos e outros itens de couro não são
permitidos dentro do templo.
JODHPUR – A CIDADE AZUL DO RAJASTÃO
Conhecida como a Cidade Azul, está bem no
meio do Rajastão e a poucos quilômetros do deserto
de Thar. O título vem desde os tempos em
que as casas eram pintadas de azul para identificar
as residências dos antigos brâmanes, a mais elevada
casta da hierarquia hindu. O conjunto azulado
passou a ser visto como uma espécie de oásis
no meio da vegetação desértica. A cidade antiga
ainda está rodeada por mais de 9 quilômetros de
muralhas com 7 portões e 101 bastiões.
Entre os atrativos turísticos, destaques para o maravilhoso
Forte Mehrangarh de 1459, a Torre do
Relógio e o Sardar, um mercado de rua construído
em 1910 repleto de chás, temperos e especiarias –
como o garam masala, base de muitos pratos da
culinária indiana. O imponente Mehrangarh está
na região alta da cidade e pode ser visto de todas as
partes. Atualmente, a fortaleza funciona como um
museu que guarda importante acervo com utensílios,
quadros e salas mobiliadas usados pelos marajás
no passado. Ao lado dele está o Jaswant Thada,
memorial construído todo em mármore, em 1906,
em homenagem ao marajá Jaswant Singh II.
A cidade é zona militar especial por causa da proximidade
com a fronteira do Paquistão. Por isso, é comum
notar muitos veículos militares circulando pelas ruas,
bem como aviões caça sobrevoando o espaço aéreo.
JAIPUR – FASCINANTE
CIDADE ROSA DO DESERTO
Apesar de estar na desértica região do Rajastão,
reserva paisagens maravilhosas. Considerada uma
das cidades mais fascinantes do mundo, está repleta
de palácios, muralhas, fortes e monumentos.
É conhecida como a “Cidade Rosa” por causa das
pedras de tom avermelhado que determina o aspecto
pitoresco das construções. Em 1856, quando
a Índia ainda era uma colônia britânica, recebeu
a visita do príncipe Albert e, desde então, a
prefeitura estimula os moradores a pintarem suas
casas com a tonalidade rosada.
Mas o principal ponto de interesse está fora da
cidade, na vizinha Amber, distante apenas 7 quilômetros
de Jaipur. É o esplendoroso Forte Amber,
erguido no topo de uma colina de tons ocres,
no final do século 16. A fortaleza é conhecida por
seu estilo único, que mistura a cultura muçulmana
com a hindu. Quem assistiu a novela “Caminho
das Índias” vai lembrar do lugar onde várias cenas
foram gravadas.
Para chegar até a fortificação, elefantes pintados
e enfeitados carregam os turistas ao longo de 30
minutos num longo caminho em ziguezague. Os
guias locais garantem que os animais não são submetidos
a sobrecarga de trabalho e fazem apenas
três viagens por dia, porém é difícil acreditar. Há
quem diga que eles trabalham muitas horas ao
longo do dia e que o piso quente queima as patas
dos simpáticos paquidermes que desconhecem a
força que têm. O passeio custa US$ 25 e a fila de
turistas esperando a vez garante o espetáculo.
Lá do alto a vista é incrível e o palácio Sheesh Mahal
é um dos destaques. O edifício bem conservado
ostenta milhares de pedacinhos de espelho incrustados
nas paredes e também no teto. Ao lado do
Forte Amber está outra fortaleza, a Nahargarh, que
também oferece uma vista deslumbrante da cidade.
Voltando a Jaipur, não deixe de conhecer o City
Palace (Palácio da Cidade), residência do marajá
Bhawani Singh. O tour conta a história da monarquia
local com tapeçarias, vestimentas, armas, carruagens
e troféus. Clientes dos trens de luxo têm
direito de almoçar ou jantar no palácio e assistir a
um jogo de polo sobre elefantes. O complexo construído
entre os anos de 1729 e 1732 inclui, ainda,
os palácios Chandra Mahal e Mubarak Mahal.
Próximo do City Palace estão o Jantar Mantar
(não confundir com o de Nova Délhi que tem o
mesmo nome), observatório astronômico feito
com mármore, instrumentos que calculam a trajetória
das estrelas e eclipses entre outras medições;
e o Hawa Mahal (Palácio dos Ventos), que ostenta
uma fachada de cinco andares e vista para a cidade
murada. Ele tem 953 pequenas janelas que
eram usadas pelas mulheres da realeza para observar
as atividades no lado externo sem serem vistas.
No final da tarde a pedida é assistir ao pôr do
sol no Jal Mahal (Palácio das Águas), situado no
meio do lago Man Sagar. À noite a sugestão é
conhecer o moderno templo hindu Birla Mandir
(originalmente conhecido como Lakshmi Narayan)
e assistir um aarti – cerimônia com ritual de oração.
Dedicado aos deuses Vishnu e Lakshmi, é um
marco arquitetônico local e foi todo construído em
mármore branco puro.
Jaipur faz parte do chamado “Triângulo Dourado”
juntamente com Agra e Nova Délhi. A cidade
moderna e planejada é famosa pelos tecidos de
algodão e tapetes de lã de camelo.
AGRA – TAJ MAHAL
CELEBRA O AMOR
O ponto alto da viagem tinha que ficar no final
e para gravar na memória para sempre. Impossível
imaginar uma viagem à Índia e não pensar no
majestoso Taj Mahal. O complexo de 17 mil m2
classificado como Patrimônio da Humanidade pela
Unesco e como uma das Sete Maravilhas do Mundo
Moderno, está na cidade de Agra, no estado de
Uttar Pradesh, a 200 km de Nova Délhi.
Obra prima da arquitetura mundial, o famoso
mausoléu é um dos pontos turísticos mais visitados
do planeta – e que inspirou a famosa música
do nosso Jorge Ben Jor. O imponente Taj Mahal
foi construído pelo príncipe Shan Jahan para celebrar
seu amor por sua esposa favorita, Arjumand
Banu Begum, chamada Mumtaz Mahal (favorita do palácio), que morreu aos 39 anos após dar à
luz ao seu 14º filho. Todo feito em mármore branco
com ornamentos em diferentes tipos de pedras
semipreciosas encravadas, levou mais de 22 anos
para ficar pronto (1630 a 1652) e mais de 20 mil
homens, milhares de mulas e mil elefantes trabalharam
na sua construção.
Sem dúvida uma verdadeira joia arquitetônica.
Todas as quatro faces do mausoléu são idênticas
e possuem um arco central de 33 metros de altura.
O Taj Mahal está cercado por quatro minaretes
de 41 metros cada e ladeado por uma mesquita e
uma réplica dessa, cuja única função é dar equilíbrio
visual ao conjunto da obra. O vistoso domo
com base cilíndrica de 7 metros suporta a abóbada
de 35 metros de altura. Inscrições tiradas do Alcorão
– livro sagrado dos muçulmanos – cobrem os
muros da edificação. Para garantir flexibilidade em
casos de terremotos, 82 poços d’água foram escavados.
O jardim que antecede a entrada simboliza
o paraíso e contém flores, fontes e ciprestes – árvores
que representam a morte.
A tumba de Mumtaz Mahal está bem no centro
do mausoléu que em valores atualizados teria custado
mais de 40 milhões de rupias (US$ 1,5 bilhão).
Atualmente, o complexo recebe cerca de 3 milhões
de visitantes por ano – os ingressos têm que
ser comprados um dia antes da visita e custam mil
rupias (US$ 40) para estrangeiros, já que indianos
pagam apenas 40 rupias. Não abre às sextas-feiras.
Contam que Shan Jahan queria fazer uma réplica
do Taj Mahal em mármore negro do outro lado
do Rio Yamuna. Ele foi deposto por um dos seus
filhos que desejava se apoderar do trono e passou
12 anos preso no palácio até morrer em 1666 com
74 anos de idade. Durante o período de cárcere ele
só conseguia ver o Taj Mahal a partir da pequena
janela de sua cela. Ele foi enterrado ao lado da sua
amada. Ambos os sepulcros repousam sobre plataformas
e toda a sua superfície é decorada com
incrustações florais com cores e inscrições alusivas
ao amor do casal.
Se tiver tempo não se limite a uma única visita.
O mármore branco utilizado é translúcido e muda
de cor de acordo com a luz exterior. Ao nascer do
sol, por exemplo, ele adquire coloração dourada.
Nas noites de lua cheia a experiência é outra. Mas,
independentemente da hora da visita, acredite, é
impactante estar ali.
Entre as histórias que envolvem o Taj Mahal está
a que conta que o imperador mandou cortar as
mãos dos artesãos que trabalharam em sua construção
para que eles nunca mais pudessem produzir
outra obra de tamanha beleza.
Mas ele não é o único tesouro da cidade. A antiga
capital do império mongol, que dominou boa
parte do território da Índia e do Paquistão entre
os séculos 16 e 18, guarda também outros importantes
patrimônios da humanidade: o Forte Agra
(Forte Vermelho), uma fortaleza construída entre
1565 e 1573 pelo imperador Akbar; e a cidadela
de Fatehpur Sikri (Cidade Fantasma), erguida em
1569 para ser a capital do Império Mongol, foi
abandonada 20 anos depois por escassez de água.
O giro por Agra pode ainda incluir a visita a outros
diversos palácios, mesquitas, muralhas e monumentos
que revelam a grandeza e esplendor do Império
Mongol. Entre eles a mesquita Jama Mashid,
a tumba de Saim Chisti e o palácio Panch Mahal.
BEATLES NA ÍNDIA
O mais famoso quarteto de todos os
tempos, há quase 50 anos – entre fevereiro
e abril de 1968 –, escolheram
a longínqua Rishikesh, aos pés do Himalaia
e na fronteira com o Nepal para
meditar. É lá que está a nascente do famoso
e sagrado Rio Ganges.
Distante 227 quilômetros de Nova Délhi,
a pequena cidade no norte indiano
atraiu John Lennon, Paul McCartney,
Ringo Starr e George Harrison, apesar
das dificuldades de transporte da
época, simplesmente para encontrar
paz e a espiritualidade. E relatos históricos
mostram que encontraram o que
estavam procurando. Eles se hospedaram
em um ahsram - local para meditação
sob o comando do guru Maharishi
Mahesh Yogi. Durante o tempo que
ficaram por lá produziram mais de 30
músicas, sendo que algumas integraram
o famoso disco White Álbum.
O ahsram em que os garotos de Liverpool
ficaram era um local luxuosíssimo com 57
mil m². Infelizmente o lugar está abandonado
e fechado. Mesmo assim é uma das
principais atrações turísticas da região.
Não vou esperar a Índia me chamar para começar a
pensar na próxima viagem ao país. Fora do triângulo
Nova Délhi/Agra/Rajastão, há muitos outros destinos
belos e interessantes. São os casos da antiga
colônia portuguesa Goa – que tem lindas praias – e
Khajuraho com seus 22 templos repletos de esculturas
eróticas e místicas. Ou ainda cidades que mudaram
de nome como Kolkata (Calcutá), Chennai
(Madras), Mumbai (Bombaim) e Kozhikode (Calicute).
E, finalmente, Varanasi (antiga Benares) para
assistir o sol nascer às margens do Rio Ganges, o
mais importante do país. É também a mais sagrada
das cidades hindus e onde ainda são praticados alguns
rituais seculares dessa religião. Está localizada
perto de outro local importante, Sarnath, o berço
do budismo, onde, há 2,5 mil anos, o príncipe Sidarta
proferiu o seu primeiro sermão ao mundo.
Para quando você for à Índia
É o segundo país mais populoso depois da China. Nova Délhi é a capital política
da Índia, embora Mumbai seja o centro econômico. Em seus 28 estados estão
destinos com belas paisagens, praias, reservas ecológicas, desertos e montanhas.
IDIOMA
O híndi é a língua nacional, além de
25 outros idiomas oficiais e 844 dialetos
falados em cada região. O inglês é
amplamente utilizado em todo o país.
MOEDA
Rúpia (INR) – Em novembro, um dólar
valia mais ou menos 65 rúpias.
FUSO HORÁRIO
Mais 8h30 em relação ao horário de
Brasília
VISTO
Brasileiros precisam de visto. A Autorização
Eletrônica de Viagem (ETA) pode
ser solicitada através do site indianvisaonline.
gov.in . Podem solicitar o Visto
Eletrônico (e-Visa) pessoas em viagem
de turismo (e-Tourist Visa), Negócios
(e-Business Visa) e tratamento médico
(e-Medical Visa). O passaporte deve ter
a validade mínima de seis meses.
CLIMA
São três as estações dominantes – inverno
(dezembro a fevereiro), verão (março
a maio) com temperaturas em torno
dos 40 graus e as monções (junho a setembro)
quando ocorrem ventos, trovoadas
e chuvas intensas. A melhor época
para visitar o país é de outubro a março.
SAÚDE
Para entrar no país é exigido o certificado internacional de vacinação contra
a febre amarela.
CONSULADO DA ÍNDIA EM SÃO PAULO
Avenida Paulista, 925, 7º andar – São
Paulo (SP) – Informações: tel. (11)
3171-0340 e cgisaopaulo.in
CONSULADOS DO BRASIL NA ÍNDIA
Nova Délhi - 8 Aurangzeb Road –
Tel. +91 11 2301 7301
Horário de atendimento: segunda a
sexta das 9h às 13h e das 15h às 19h.
Informações: novadelhi.itamaraty.gov.
br/pt-br
Mumbai - Unit 12B, 12º andar, Edifício
Bakhtawar RN Goenka Marg, Nariman
Point. Informações: mumbai.
itamaraty.gov.br/pt-br/
COMO CHEGAR
Não há voos direto entre o Brasil e a
Índia. A conexão deve ser realizada em
aeroportos da Europa, Emirados Árabes,
África e outros destinos asiáticos
como Tailândia, Indonésia, Japão, China
e Malásia. Qual Viagem utilizou a
Ethiopian Airlines (ethiopianairlines.
com), que voa cinco vezes por semana
a partir de São Paulo para Adis Abeba,
capital da Etiópia. Todos os voos são
a bordo do Boeing 787-8 Dreamliner.
TRANSPORTES
Aéreo - Por conta da grande extensão
territorial da Índia, as viagens aéreas
são as melhores opções para se locomover
com rapidez dentro do país.
O Aeroporto Indira Gandhi, em Nova Délhi é o que possui o maior número de voos e
as principais companhias aéreas locais são: Air India (airindia. com), Jet
Airways (jetairways.com),
Kingfisher (flykingfisher.com) e Indi-
Go Airlines (book.goindigo.in).
Ferroviário - A Índia possui uma ampla
malha ferroviária. Os bilhetes são baratos
e os serviços são pontuais. Há opções
de trens luxuosos como o Deccan Odissey,
que desce o litoral do Mar da Arábia
entre Mumbai e Goa numa jornada
de uma semana; o sofisticado Maharaja’s
Express, que circula por cidades do
Rajastão - Uidapur, Jaipur, Agra e Nova
Délhi; e do Palace on Wheels, que parte
da capital com destino ao Rajastão.
Todos oferecem refeições a bordo. Importante
reservar com bastante antecedência:
- indianrail.gov.in
COMPRAS
Em toda a Índia são muitas as opções
de comprar, principalmente de tapetes,
peças de caxemira e pashimina,
madeiras, xales, tecidos coloridos e especiarias.
Dizem por lá que as sedas de
Varanasi, de Kanchupiram e de Mysore
– bordadas com ouro – duram a vida
toda. No Rajastão, encontram-se as
sedas mais coloridas e brilhantes. Em
Jodhpur, artesanatos e e colchas para
cama. Em Agra, objetos em mármore.
É necessário barganhar muito para
comprar por um preço justo. E nunca
demonstre que gostou de algo e deseja
comprar, o que dificultará muito a
negociação por um bom preço.
O QUE COMER
A cozinha indiana é diferente em cada
região do país, apresentando ingredientes,
influências e receitas estabelecidas
pelas condições climáticas,
fatores religiosos e culturais. Em todas
as mesas você irá encontrar os pães
(chamados naan) e os aromáticos cardamomo
e curry. E por falar em especiarias,
a maioria quase absoluta dos
pratos indianos são bem condimentados
e apimentados – muito apimentados!
–, inclusive os servidos nas redes
de fast-food. Carne bovina não existe
nos cardápios, contente-se com frango,
cabrito e peixes. Há muitas e variadas
opções vegetarianas. Para beber,
não deixe de experimentar a típica lassi,
que pode ser doce, salgada ou com
suco de frutas – manga é a mais comum.
A bebida é preparada a base de
iogurte natural com essência de rosas.
ONDE FICAR
As principais redes internacionais de
hotéis estão representadas na Índia
com estabelecimentos de 5, 4 e 3 estrelas.
Bem como outras locais que nada
ficam a dever às melhores do mundo.
NOVA DÉLHI
Andaz Delhi by Hyatt –
delhi.andaz.hyatt.com
The Imperial – theimperialindia.com
Le Meridien –
lemeridiennewdelhi.com
UDAIPUR
The LaLit Laxmi Vilas Place –
thelalit.com/the-lalit-udaipur
Trident –
tridenthotels.com/hotels-in-udaipur
The Oberoi Udaivilas –
oberoihotels.com/hotels-in-udaipur
Fateh Prakash Palace –
hrhhotels.com
JODHPUR
Vivanta by Taj – Hari Mahal –
vivanta.tajhotels.com
JAIPUR
Jaipur Marriott Hotel –
marriott.com
Crowne Plaza Jaipur – ihg.com
AGRA
Courtyard by Marriott Agra –
marriott.com
Double Tree by Hilton –
doubletree3.hilton.com
DICAS
Comidas de rua – Evite. As condições
de higiene nem sempre são as mais adequadas.
São comuns os turistas com
infecções intestinais e que terminam a
viagem à base de soro, água e bolachas.
Melhor comer nos restaurantes dos hotéis
e casas recomendas. Coma apenas
alimentos cozidos e evite saladas e frutas
descascadas.
Água – Beba sempre água mineral engarrafada
e com a tampa lacrada ou
aberta na sua frente. Evite tomar refrigerantes,
sucos e drinques com gelo
(feito com água). Use água mineral até
na hora de escovar os dentes.
Remédios – Leve uma bolsa com remédios
para o caso de necessidade. Principalmente
para problemas estomacais e
intestinais. Tenha sempre álcool em gel
na bolsa ou na mochila.
Roupas – Mulheres devem ter atenção e
evitar deixar à mostra as pernas, barriga e
ombros, principalmente em lugares considerados
sagrados. Em alguns templos e
mesquitas a entrada somente é permitida
com o uso de lenços cobrindo a cabeça.
Cumprimentos – A maneira usual é juntar
as mãos em oração à frente do peito ao
mesmo tempo em que faz uma curta vênia
com a cabeça. Diga também Namastê.
Telefonia e internet – Para ficar online
o tempo todo e fazer chamadas locais
sugerimos comprar um chip de celular
no aeroporto, que custa em torno
de US$ 20.
Gorjeta – Pode-se dizer que ela é quase
obrigatória e é esperada pelos prestadores
de serviços – guias, motoristas e
ajudantes. Nos restaurantes deixe 10%
do valor da conta e nos hotéis US$ 1
por mala é o suficiente. Portanto, tenha
sempre dinheiro trocado.
Esmolas – Por toda parte você será
abordado por adultos e crianças pedindo.
A decisão é sua, mas alerto que se
der para alguém, em questão de segundos,
estará rodeado por muitos outros
pedintes também querendo dinheiro.
Confusão na certa!
PACOTES TURÍSTICOS
RAIDHO – raidho.com.br
MUNDO EXÓTICOS –
mundoexoticos.com.br
VENTURAS – venturas.com.br
INFORMAÇÕES TURÍSTICAS
incredibleindia.org